terça-feira, 17 de junho de 2008

Salve Augusto dos Anjos (Poema da Noite)

Versos Íntimos

Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

2 comentários:

Anônimo disse...

" A mão que afaga é a mesma que apedreja...". A vida ensina...

Anônimo disse...

Eba!Agora a gente vai ter poemas da noite!Show!Mas manda de vez em quando uma musiquinha da noite hem!
Valeu!