Meu nome é Alexandre, sou um velho amigo do professor Douglas e com muita honra escrevo para o blog. Quem conhece o Douglas pessoalmente, sabe que se trata de um “gentleman”, um intelectual amante das artes que descobriu no magistério sua verdadeira vocação.
Gostaria de falar um pouco da minha trajetória, pois creio que isso poderá ajudar a contextualizar o texto que escrevi como forma de colaborar com os diversos concurseiros da área jurídica.
Sou Engenheiro Metalúrgico e comecei a estudar no começo de 2008 para a área fiscal, após passar 11 anos trabalhando no mercado financeiro (pelos diversos motivos que levam a maioria de nós a optar pela área pública). Durante minha empreitada, já com um filho pequeno, tive grande apoio de minha esposa que é professora universitária. Costumo dizer que além de uma pessoa generosa ela foi uma pessoa inteligente, pois apostou em um projeto que irá beneficiar a nossa família. Quando se é casado (ou se tem o apoio de algum familiar), e esse se torna um projeto conjunto, com direitos e obrigações, fica mais fácil enfrentar as conhecidas dificuldades dessa jornada (diga-se de passagem, essa questão dá um texto inteiro também).
Como eu acreditava que se passasse logo em algum concurso ficaria mais “leve” para os próximos, optei por uma estratégia de prestar diversos concursos, estratégia essa que, no mínimo, garante maior experiência e pode ser um bom atalho para a nova carreira. Enfim, abaixo listo os concursos em que fui aprovado ou classificado (prestei muito mais do que esses), e em seguida o texto sobre o que julgo serem alguns mitos que descobri durante minha caminhada como concurseiro.
04/2008 – Especialista Financeiro – Prodesp (1º) – levaram 2 anos para chamar e não assumi
06/2008 – Engenheiro BNDES (149º) – Agora está chegando a minha colocação (felizmente estão proibindo concursos com cadastro de reserva, em minha opinião, um desrespeito)
10/2008 – Analista TRT 2ª região (582º) – Apenas classificado
04/2009 – APOFP – SEFAZ (406º) – Assumi o cargo por 4 meses
01/2010 – Analista Tributário da Receita Federal (204º) – Desisti em função do Bacen
01/2010 – Analista do Banco Central (23º) – Assumirei em Agosto
10 mitos sobre concursos
1. Só passa quem estuda 10 h seguidas, todos os dias – Quando começamos a estudar somos muito inseguros, procuramos uma fórmula pronta para passar “rápido”, o primeiro mito que surge é o do número de horas de estudo, isso é uma grande bobagem. Não existe receita, mas é óbvio que isso não é uma desculpa para estudar pouco, tem que estudar e muito. Mas quanto? Só você sabe o quanto precisa e o quanto pode. O fato é que quanto mais estudamos menos precisamos contar com a parte intangível da sorte (lembrando que sorte = oportunidade + preparo).
2. O melhor é estudar por apostilas do que por livros que são muito mais grossos e do que por aulas que são muito mais caras ou é melhor estudar por exercícios do que por teoria - O segundo mito é como estudar. Novamente, não existem fórmulas, talvez essa seja a pior parte, a que toma mais tempo e quisá a que mais desgasta psicologicamente... Não tem jeito tem que quebrar a cabeça, adaptar esse projeto ao seu estilo e disponibilidade e principalmente PLANEJAR seus estudos a todo o momento (não a toda hora). Semanalmente é um bom balizador (planejamento é algo DINÂMICO e não ESTÁTICO, mas não pode mudar demais também senão vira um CAOS). Algumas perguntas podem ajudar a saber se o rumo está correto: “estou sabendo a matéria?”, “estou acertando os exercícios?”, “o estudo está fluindo?”, “o ritmo está bom para a proximidade da prova?”, “estou estudando certo para essa matéria?” (Veja item 6)
3. Tem que ter foco em um único concurso – Essa é ótima para tirar os candidatos rivais da reta. Claro, tem que ter foco, espere o concurso da Receita Federal, já está aí, parece que já autorizaram! Em minha opinião (e na de muitos professores), concurseiro não escolhe prova, faz tudo que vier pela frente (dentro de critérios de razoabilidade e proporcionalidade)! Conheço muita gente que atropelou a fila porque foi para um concurso “paralelo” e hoje está muito mais feliz do que um aprovado de Tribunal ou da Receita! Enfim, não seja obcecado por um único concurso, pois isso acaba se tornando algo irracional e que pode lhe prejudicar.
4. Tem que praticar esporte- novamente “não tem que nada”! Esporte é bom para a saúde, desestressa etc., mas na reta final, por exemplo, eu larguei tudo para não perder tempo e ficava com a minha consciência muito mais tranqüila, já outros se não praticam literalmente surtam... Como VOCÊ se sente?
5. Não estude antes da hora para não ficar nervoso – cai nessa em muitas provas até perceber que meu cérebro é do tipo que “pega no tranco”... Quaisquer 15 minutos antes da prova me ajudam a entrar no clima do concurso, agora se você surta com isso, ache o seu tempo, mas não diga que precisa ficar uma semana sem estudar antes da prova. Novamente, seja razoável e procure se conhecer!
6. Vou pegar material emprestado e estudarei todo tempo sozinho - hoje em dia estudar para concurso é muito mais fácil e difícil ao mesmo tempo. Explico: você tem acesso a muito, a exageradamente, muito material! É um oceano de informações e pior, informações que ficam defasadas rapidamente. O que fazer?
Nesse quesito acho que um bom critério foi algo que ouvi do Alexandre Meirelles (um guru para os concurseiros da área fiscal): aulas de teoria são importantes para aprender conceitos novos. Se você não tem familiaridade com Direito Constitucional (no caso dessa matéria, diria, ainda que tenha familiaridade), é importante fazer aulas, depois pegar um livro ATUALIZADO e exercícios também ATUALIZADOS. Já Matemática Financeira não mudou nos últimos 50 anos, mas a forma de cobrar sofre variações, então é importante, caso você domine essa matéria, praticar com exercícios recentes. CUSTO X BENEFÍCIO, quebrar a cabeça, planejar e ESTUDAR! Tudo isso deve ser ponderado pela sua situação financeira também (ainda tem essa).
7. Vou gravar as aulas e escutar depois fazendo academia – Na minha cabeça de engenheiro quadrado e racional, parece estranho que alguém consiga escutar novamente uma aula de 4, 6 ou 8 horas e achar que está sendo produtivo. Não me levem a mal os que tem esse tipo de prática, mas isso cheira a desculpa de quem não quer sentar a bunda na cadeira e estudar. Acredito que seja muito mais efetivo fazer uma revisão imediatamente após a aula, momento em que consolidamos o conhecimento e aumentamos muito a absorção da matéria.
8. Vou fazer uma promessa do tipo nunca mais comer chocolate ou beber ou fazer sexo... Até passar... – Se você quer se penitenciar porque assim acha que vai passar mais rápido ESQUEÇA (a menos que “essa coisa” atrapalhe seus estudos)! Se quiser fazer uma promessa pelo menos prometa que vá ajudar alguém, faça algo de bom pelo mundo, quem sabe assim suas preces sejam atendidas!
9. Eu não passei, pois a prova foi mal feita - Não arrume desculpas, continue na luta, esse tipo de declaração é típica de quem os americanos chamam de "looser", não entre nessa, volte a estudar!
10. Disseram que o edital sai semana que vem - Olha, eu prestei muita atenção em todos os boatos que foram divulgados durante a minha preparação e hoje posso falar de carteirinha, 99,9% dos boatos estavam errados, o 0,1% correto foi por puro chute (com tantos chutes alguém ia acertar), portanto desconfie e não se deixe influenciar por boatos, com datas de provas, matérias que cairão etc., isso pode tirar seu foco do estudo (esse é o foco que vale), e te atrapalhar na preparação. Tudo o que você precisa é saber MAIS OU MENOS quando será a prova, não tente dar uma de mago nem fique batendo boca em fóruns com os bruxos de plantão. Aliás, eu pouco freqüentei esses fóruns, para quem utiliza é bom fazê-lo com muita moderação.
Por fim gostaria de dar algumas dicas sobre as novas matérias que estão sendo cobradas agora também na área jurídica.
Em minha opinião, a cobrança de matérias como AFO e Administração Pública representam um belo avanço nos concursos. Digo isso, pois é fundamental que todo servidor conheça o funcionamento da Administração Pública, como são feitos e gerenciados os orçamentos, como funciona a revolucionária LRF. Portanto não encare essas matérias como um fardo, elas são matérias muito interessantes (mais do que um direito processual cheio de prazos, por exemplo), e, acredite, serão extremamente úteis no seu dia a dia como servidor.
Deixo como dicas de bibliografia dois livros básicos sobre os temas, mas extremamente didáticos e que julgo bons investimentos, lembrando que eu nunca fiz aulas para essas matérias, mas tem gente que fez e achou que valeu a pena (ver item 6).
1) Administração Financeira e Orçamentária para concursos: Direito Financeiro simplificado; Autor Fábio Furtado; Editora Ferreira
2) Administração Geral e Publica ; Autor Idalberto Chiavenato; Editora Campus
Alexandre Hakim
7 comentários:
Gostei!!!
Excelentes dicas, Alexandre!
Raquel Monteiro
Eu também adorei a postagem, principalmente a quebra dos mitos!
B.C.
Muito bom Parabéns...
Professor quando será a prova do MPU não consegui achar a data!
Muito legal a postagem. O livro do Chiavenato que voce indicou é Administração Geral e Pública - Série Provas e Concursos - 2ª Edição 2008
Autor: Chiavenato, Idalberto ?
Grata
Marly
É assim mesmo... nem tudo que é bom pra um é para o outro. Cada um tem jeito próprio de estudo etc.
p.s: Professor vai ter apostila de constitucional para o concurso do sefaz?
Abraço e obrigada!
Rquel,
Obrigado, sempre li seus posts que me ajudaram bastante tbm.
Marly,
O livro é esse mesmo da série Provas e Concursos.
RoCosta,
A idéia era essa mesma, mostrar que cada um deve encontrar sua fórmula (sem desprezar as diversas dicas e métodos). Sem querer dar pitaco e já dando, para a prova do Sefaz sugiro que foque nos itens do edital e na última prova de Analista da própria Sefaz.
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