Segundo o artigo "Educação, uma agenda urgente" de Priscila Cruz, publicado hoje no Estado de São Paulo, dos alunos que ingressam no ensino fundamental:
95% concluem a 4ª série
79% concluem a 8ª série
58% concluem o 3º ano do ensino médio, sendo que destes 29% aprendem o mínimo de língua portuguesa e 11% o mínimo de matemática.
É preciso dizer algo mais?
2 comentários:
Certamente são dados não só terríveis mas decepcionantes a todos nós que somos professores.
Particularmente, ingressei na profissão por paixão e por decepção estou disposta a abandoná-la.
A cada dia que suporto uma sala de aula lotada, com alunos extremamente mal educados, que sequer respeitam -se entre si, que tratam-se por "burro, otário" sem citar as palavras de baixo de nível, mais me sinto motivada continuar estudando para os concursos de outras áreas. Os alunos enfrentam os professores, maltratam e têm plena consciência de que são imunes, totalmente protegidos e amparados por lei, o famoso "sou de menor".
E no final das contas, o culpado é o professor, que não é criativo, que não capta o interesse dos alunos. Concordo que o ensino prazeroso é mais eficiente. Como tornar 200 dias letivos prazerosos? E o conteúdo extenso que temos de ministrar? Pergunte a qualquer publicitário quantas ideias criativas ele tem por ano. E de todas essas ideias, quantas são aceitas? Agora, qual a fórmula para um professor ter 200 ideias criativas, uma para cada dia letivo? Multiplique isso por 10, 15, 20 turmas que precisamos ter para pelo menos termos um salário do qual não sintamos vergonha. E ainda: como unir ideis brilhantes e criativas ao extenso conteúdo programático que temos? Por mais que um professor seja dedicado, trata-se de uma batalha perdida. Dói lembrar quantas e quantas vezes levei horas preparando uma mega aula, com diversos recursos, dinâmicas e os alunos trataram com desdém...
Tenho dois sonhos: primeiramente abandonar o magistério quando for convocada em outro concurso. Depois, retomar um pouco da minha paixão pelo lecionar trabalhando como o Professor Douglas, ensinando a quem tem objetivo e deseja aprender, crescer. Não quero mais ser "domadora". Quero ter a satisfação de saber que o que ensinei sei foi útil a alguém...
Desculpem o desabafo...
Ratifico o desabafo da Priscila e complemento com o olhar de quem leciona nas séries iniciais...
Além da superlotação e indisciplina que obviamente desmotivam o profissional que se sente em uma batalha perdida, falta organização e comprometimento do sistema educacional e ao meu ver o mais importante: ESTRUTURA FAMILIAR.
Não há dificuldade para o professor que não seja amenizada pelo respeito e pela força de vontade de aprendizado do aluno. Perco 60% do tempo de aula pedindo silêncio e dando broncas. A que atribuo isso?
Digo com tranquilidade que 70% de meus alunos estão abandonados por pais que não acompanham suas vidas e implantam a "educação da compensação." Esses pais, desconhecem planejamento familiar ou negligenciam a real responsabilidade em se ter um filho, transferindo para a escola as obrigações que têm.
O mundo mudou muito da época em que eu era criança. Nesse sentido sou radical e até hoje nada me fez mudar minha convicção de que quem opta pela excelência da carreira deveria repensar a maternidade/paternidade. Perdi a conta de quantos alunos meus foram indisciplinados ou porque querem a qualquer custo a presença dos pais em suas vidas, nem que seja por uma falta ou porque já se deram conta de que não tem imposição de limites.
Quero ter esperanças, mais a cada dia vejo profissionais exonerando seus cargos ou se rendendo ao sistema. O discurso é o mesmo: quem é mais novo na carreira quer sair e que é mais velho conta os dias para a aposentadoria.
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