"Eu não gostaria de começar falando da grande luta que trava um concurseiro, nem que geralmente abandonamos nossa vida social e que passamos por muitas frustações quando escolhemos essa trajetória. Mas como não fazer isso: é a mais pura verdade!
Mas neste momento, sinto uma enorme vontade de falar sobre frustrações. Daí vocês vão pensar: 'mas que saco, lá vem mais uma'. Obviamente, cada um que passa por uma frustração, passa de forma particular, só da pessoa e sempre é complicado. Mas peço a todos um pouco de paciência e leiam com atenção.
Quando comecei a estudar para concursos, eu tinha uma idéia fixa: passar para Oficial de Justiça. Esse foi o primeiro paradigma a ser quebrado. Não dá para estudar e prestar um só concurso, poder ser que ele jamais chegue, vai saber; o mundo dos concursos é um verdadeiro enigma, não há como prever o futuro, bem às vezes sim, mas bem às vezes!
Esse foi o primeiro paradigma e a primeira frustração, pois, por pensar assim, acabei deixando de prestar um concurso para Escrevente da primeira leva depois de anos sem. Lembro-me que a nota de corte foi bem baixa em comparação aos posteriores, e eu não prestei! Resolvi que passaria a prestar outros concursos que fossem da mesma área, porque as matérias eram similares. Ótimo, barreira ultrapassada, mas eu nem imaginava que os concursos subsequentes seriam tão mais concorridos!
Assim, começou o meu inferno astral... um inferno astral de aproximadamente 7 anos.
Por essa época saíram vários concursos de Escrevente e eu estudei e prestei, prestei, prestei.
O primeiro foi para Guarulhos, Foro Distrital de Arujá. Passei na prova objetiva, passei na digitação....mas fora do número de vagas. 'Ah, legal, serviu de experiência', pensei.
Prestei MPU, não consegui; prestei Auxiliar Judiciário capital, não consegui; prestei TRE, não consegui; 'caramba'!
Veio uma nova leva de Escrevente. Prestei Escrevente SP - Capital, passei na objetiva, não consegui na digitação. Aqui comecei a me sentir incapaz. Prestei Escrevente São José dos Campos...essa foi a minha maior, pior e mais dolorosa bola na trave. Passei em primeiro lugar, vocês estã entendendo: PRIMEIRO LUGAR, tem noção do que é isso? PRIMEIRO LUGAR, 'minha nossa que demais, que pop, que admirável' mas....pasmem, eu não consegui passar na prova de digitação... Na hora que conferi no site a lista de classificados e o meu nome estava fora da lista de aptos na digitação, eu, simples assim, sentei e chorei. Colegas concurseiros, eu chorei feito criança, solucei e liguei para a 'mamãe' para desabafar a grande dor de ter morrido na praia.
Sabem o que eu fiz depois disso? Imaginem... o bom concurseiro já sabe. Isso mesmo, sacudi a poeira e voltei a toda para o estudo. Comprei livros, estudei um tempo em casa, prestei um concurso para a Prefeitura de São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo e passei em primeiro lugar, mas ainda não estava satisfeita. Nesse ínterim, saiu o concurso de Oficial de Justiça. Voltei para o cursinho e..bem, vocês se lembram que eu disse que o mundo dos concursos é uma caixinha de surpresas , então, enquanto eu trabalhava em São Sebastião e subia para São José dos Campos nos finais de semana para o cursinho, quando eu estava acessando o Blog do Professor Douglas...estava lá que a Circunscrição Judiciária de Gaurulhos havia chamado 2 candidatos. Um deles era eu! Finalmente! Eu verifiquei no Diário Oficial no site do TJ/SP e de fato, o Tribunal estava nomeando 2 escreventes e o meu nome estava lá. Fiquei muito feliz. Senti que conseguia finalmente o que merecia. Eu já nem esperava que chamassem nesse concurso, pois faltava cerca de 15 dias para prescrever, mas foi assim que aconteceu...
Muitas coisas vieram à minha mente, após entrar em exercício; 'Nossa porque sofri tanto; nem foi tão difícil assim, etc, etc. Coisas que ocorrem quando passa o momento da descoberta da conquista. Nesse trajeto, algo que guardei e tomei como meta, foi o que um amiga me disse: 'Lê, não desista porque concurso é um investimento que sempre tem retorno, por isso não desista'. Ok, outro clichê, mas que também é verdade. Portanto, amigo concurseiro, NÃO DESISTA NUNCA, porque mais do que passar e alcançar sua meta profissional, você verá que amadureceu, que aprendeu a ser diligente, que batalhou, que foi corajoso e destemido, que conquistou, mas não é para ser arrogante não, é para ser orgulhoso, um orgulho bom!
Sentar o bumbum na cadeira e estudar não é fácil, é tarefa para poucos escolhidos, isso minha mãe já dizia.
Logo se você ainda não conseguiu é porque ainda não estudou o suficiente, nem prestou concursos bastantes (clichê, rsrsrs), não desista, estude, veja o que aconteceu comigo, você vai conseguir!"
Ah! Para os curiosos, ainda não saiu o resultado do concurso de Oficial de Justiça.
Abraços e Sucesso
Mara Letícia dos Santos da Silva
Escrevente Técnico Judiciário
Foro Distrital de Arujá